... pelo simples e indelével prazer da leitura e da escrita!

terça-feira, 19 de agosto de 2014


O HUSSARDO

            História de guerra, relatada com crueza, que nos leva a refletir, em conjunto com o protagonista, sobre a morte e o sentido da vida. O romance está construído em torno da luta entre idealismo e realismo, sendo a vitória deste face à necessidade de sobreviver. Os ideais de glória e heroísmo, incutidos pelos senhores da guerra, que decidem sobre a vida e a morte dos soldados e populações em geral, nada valem perante a crueldade da batalha.

            Já tinha lido A Sombra da Águia, sobre o mesmo tema, mas não gostei. Depois li O Mestre de Esgrima e O Tango da Velha Guarda. Brilhantes!

segunda-feira, 18 de agosto de 2014


AS LUZES DE SETEMBRO

            De facto, torna-se difícil que, depois de um romance extraordinário, o autor consiga igualar a genialidade. A Sombra do Vento continuará, a meu ver, a ensombrar qualquer coisa que Carlos Ruiz Zafón escreva ou tenha escrito. Por outro lado, o cuidado com a ordem por que as obras vão sendo publicadas pode determinar a ‘fidelização’ do leitor a um autor ou não.
            Mesmo assim, continuo a gostar muito de Zafón.  

            Intriga, Fantasia, mistério, luzes e sombras. Os ingredientes habituais de Zafón. O interesse habitual.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014


ETERNO DOMINGO

Confesso que dificilmente compraria um livro sobre futebol. Mas este foi-me oferecido pela ‘implacável mãe’ do autor, com direito a dedicatória e tudo!

Levar para o mundo do futebol quem dele anda alheado não há de ser tarefa fácil. Comigo resultou. Ricardo Namora vai colorindo este desporto com pinceladas de pormenores humorísticos, contando histórias da História do futebol, sem cansar o leitor e levando-o a aprender algumas coisas sobre cultura geral futebolística. Ainda por cima, emoldura tudo isto num registo de escrita fluido, leve e … escorreito!

Gostei. : )

quinta-feira, 24 de julho de 2014


OS CADERNOS DE DOM RIGOBERTO

Retoma-se a história de Elogio da Madrasta.
Através dos seus cadernos conhecemos as considerações, pensamentos e análises de Dom Rigoberto sobre diversos temas, com a perspicácia, ironia e humor que já conhecíamos a esta personagem, verdadeiro esteta que retira da cultura um prazer inexcedível.  Tendo a esposa, Dona Lucrécia, como seu único ‘objeto’ de desejo físico e espiritual, vive, durante a separação, fantasias que se confundem com a realidade. E Fonchito, o filho do primeiro casamento de Dom Rigoberto, sempre presente, manipulando pai e madrasta.

Um livro acerca da arte de amar, sob várias formas.

 

segunda-feira, 23 de junho de 2014




ELOGIO DA MADRASTA
Gosto de Mario Vargas Llosa. É daqueles autores que não cansam, porque as suas histórias são sempre diferentes. Até o registo de escrita parece mudar em função do tipo de narrativa.  
Em Elogio da Madrasta encontramos uma intensa narrativa poética acerca do amor/erotismo entre uma mulher de quarenta anos, o seu marido e o filho deste, um menino cujo ar de anjo esconde uma perversidade inusitada. Imperdíveis os pormenores deliciosos das magníficas abluções noturnas do marido, preparando o corpo para os prazeres de alcova com a esposa.
Uma história surpreendente, com um forte cariz erótico,  numa soberba técnica narrativa.
 



segunda-feira, 21 de abril de 2014


O QUARTO DE JACK

A emocionante e arrepiante história do rapto de uma rapariga de 19 anos que é mantida em cativeiro, num exíguo quarto, durante sete anos. Aí nasce Jack, o narrador, que, com cinco anos, supera os seus medos, toda a fragilidade de uma criança que acaba de saber que o mundo não se resume ao seu quarto nem os seres humanos a si e à sua mãe, e põe em prática uma atribulada fuga que resulta na libertação da mãe e na captura do raptor.

Uma narrativa bem atual, na qual se mesclam sentimentos díspares tanto das personagens como do leitor. Muito bom!

terça-feira, 15 de abril de 2014


ENCONTRO DE AMOR NUM PAÍS EM GUERRA 

            Este livro de contos compõe-se de um conjunto de textos dispersos de Luís Sepúlveda, dividido em três partes: amores e desamores, heróis e canalhas e imprevistos. Todas as histórias estão salpicadas do bizarro, do absurdo. Para além da política, tema dominante no autor, encontramos, também, a guerra, a aventura e, sobretudo, o amor, narrados com uma soberba ironia.

sexta-feira, 11 de abril de 2014


O FIO DAS COISAS

            Há fios que nos ligam a todas as coisas. Alguns de aparência frágil, quase impercetíveis, mas que se vão mantendo sem se quebrarem, fortalecendo-se, até, com o decorrer do tempo. Outros densos como cordas, bem visíveis, aparentemente indeléveis, mas ocos por dentro, desfiando-se facilmente.

            Há um fio que liga a tua boca ao meu ouvido, a minha boca ao teu ouvido. Ouvidos e bocas ligados, enlaçados, entrelaçados em fio mutante. Ora forte ora frágil. Quase rasgando-se, quase enlaçando-se em nó firme. É neste subtil fio que vive este sentimento, balançando-se entre a boca e o ouvido. Suspenso no tempo imóvel de alguns minutos. O fio vai traçando um mapa na memória, formando-se em novelo emaranhado. Nós cegos que hesito em libertar, receando que se desfaçam entre os dedos.

            O fio desenha palavras que sabem ora a fracasso, ora a vitória, ora a ansiedade, ora a desalento. E outros fios se emaranham entre as bocas e os ouvidos. Sombras de outros mapas traçados a fios robustos.

            Por vezes, o fio desenha palavras sem margens, traça momentos que transbordam as cercas que lhes impuséramos. Mas, inexoravelmente, delineia comportas que prendem as emoções.

            Um fio de tempo sem tempo à vista.

domingo, 6 de abril de 2014


A MUHER QUE PRENDEU A CHUVA
Em A Mulher que Prendeu a Chuva, encontramos uma série de contos que versam sobre o quotidiano, realidades bem próximas de todos nós. De destacar o papel da mulher na sociedade e a condição humana. Uma escrita cuja simplicidade nos faz parecer – mas, apenas parecer – que é muito fácil escrever histórias. Mas, sobretudo, uma simplicidade que permite que leitores menos competentes possam ler bons autores sem o receio de os não compreenderem.


Teolinda Gersão nasceu em Coimbra, estudou Germanística, Romanística e Anglística nas Universidades de Coimbra, Tübingen e Berlim, foi Leitora de Português na Universidade Técnica de Berlim, assistente na Faculdade de Letras de Lisboa e depois de provas académicas professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa, onde ensinou Literatura Alemã e Literatura Comparada. A partir de 1995 passou a dedicar-se exclusivamente à literatura.
Além da permanência de três anos na Alemanha viveu dois anos em São Paulo, Brasil, e conheceu Moçambique, onde decorre o romance de 1997 A Árvore das Palavras.
Autora sobretudo de romances, publicou até agora duas novelas (Os Teclados e Os Anjos) e duas colectâneas de contos (Histórias de Ver e Andar e A Mulher que prendeu a Chuva).Três dos seus livros foram adaptados ao teatro e encenados em Portugal, Alemanha e Roménia: Os Teclados por Jorge Listopad no Centro Cultural da Belém, 2001; Os Anjos por por João Brites e o grupo O Bando, 2003; A Casa da Cabeça de Cavalo ganhou o Grande Prémio do Festival Internacional de Teatro de Bucareste, Roménia, em 2005, com encenação de Eusebiu Stefanescu. Encenada também na Alemanha por Beatriz de Medeiros Silva e o grupo Os Quasilusos, em 2005.
Foi escritora-residente na Universidade de Berkeley em 2004.
In http://teolindagersao.com/
 



domingo, 23 de fevereiro de 2014


A SENTINELA

            Desta vez Richard Zimler apresenta como pano de fundo para um policial psicológico o Portugal contemporâneo em que reconhecemos espaços, personalidades, políticas, a sociedade dos nossos dias.

            A personagem principal, um inspetor chefe da PJ, sofre de transtorno de identidade dissociativa. Tem um alter ego que se desenvolveu como forma de proteger, na infância, o irmão mais novo dos abusos do pai.

            Mais uma vez, Zimler brinda-nos com presonagens simplesmente fantásticas e revela um profundo conhecimento das emoções.

NOITE

     Passo a noite reconstruindo aquele momento, reescrevendo as tuas palavras por nascer.

     Sabes que desenhas tempestades com os teus silêncios, fogos de artifícios com as palavras que ainda têm medo de ser?

     Os teus olhos, varandins de onde nos avisto, têm caligrafias ilegíveis, distorcidas. Dança-te nos olhos a minha vontade.

     Transponho a cancela da tua alma, não para entrar no teu mundo, mas para sair de todos os outros.

     Debruço-me no teu sopro e respiro-te.

     Amanheço na tua face.

     Escrever-te é como beijar-te sem lábios…

 

domingo, 16 de fevereiro de 2014


ÁLVARO, EUGÉNIA E ANA

Um livro muito interessante que mostra parte da vida privada de Álvaro Cunhal e da sua família. Fascinante a personalidade deste homem reservado, simples e convicto.

 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014


PRIMAVERA EM JANEIRO

Diz-se que as pessoas só são interessantes até se descobrir os seus segredos, porque eles são, habitualmente, banais quando vêm à luz do dia. Pois ela contrariava este dito.

16.43. Entrava no café dois minutos antes da hora combinada. Lentamente. Consciente do seu ar de elefante dentro de uma loja de cristais. Pesavam-lhe a idade, a gordura, as rugas, o tempo, os anos de maus tratos, tristezas, indiferenças.

A ele, no entanto, nada lhe pesava. O homem que esperava mantinha um aspeto bastante agradável. Magro, o cabelo ainda pouco grisalho, o andar ágil da juventude.

Sabia-o, porque há cinco anos que o seguia. Desde que à custa de muito tempo, trabalho e dinheiro conseguira reencontrá-lo, telefonava-lhe todas as semanas.

Relutante a princípio, negando a lembrança daquele amor da adolescência, ele acedera a dar-lhe o seu número de telemóvel apenas para evitar o falatório provocado pela insistência dela ao ligar-lhe para a escola.

A muito custo, conseguira que ele aceitasse um encontro, dois anos depois de o ter procurado. Casado e sem qualquer intenção amorosa para com ela, insistia para que parasse de lhe telefonar. Aliás, estivera dez meses sem atender as chamadas dela depois de alguns episódios bastante embaraçosos em que ela lhe deixava livros ou CD no capot do seu carro! Se ele soubesse das diligências que ela fazia para o ver! No início de cada ano letivo passava dias inteiros sentada no muro do rio, a uma distância segura da escola onde ele lecionava, para descobrir o horário dele e assim passar regularmente para o ver. Descobrira, também, onde ele vivia e, um dia, metera-se numa camioneta para passar à sua porta.

Sabia perfeitamente que ele só continuava a conversar com ela por pena. Feia, mal vestida, sem escolaridade, até a si o cheiro do próprio corpo enjoava. Desempregada, um ex marido agressivo, duas filhas longe e uma solidão pesada. Nada tinha a ver com aquele homem que seguira outro caminho. Um casamento feliz, uma profissão de sucesso, bom aspeto físico. Que lhe importava? Continuaria a pensar nele, a telefonar-lhe, a esperar por ele. Não tinha nenhuma outra alegria na vida. Orgulho? Vergonha? Que vantagem lhe trariam? Prescindia desses valores em favor da felicidade que aquela meia hora com ele lhe proporcionaria.

A porta do café abriu-se e foi primavera em janeiro.

domingo, 2 de fevereiro de 2014


CRÓNICA DO REI PASMADO

É uma narrativa bem humorada e mordaz, repleta de críticas à moral e bons costumes da Igreja e da sociedade em geral, profundamente influenciada pela Fé.

 Transforma-se uma questão trivial - o desejo de um marido de ver a sua mulher nua (depois de ter passado a noite com uma cortesã) -  num episódio extraordinário, pelo ‘simples’ facto de o marido ser o rei Filipe IV de Espanha, II de Portugal, e a esposa a rainha.

Numa Espanha do século XVII, dominada pela Inquisição, numa época em que o formalismo da corte exigia um requerimento -  formal,  justificativo e humilhante - de cada vez que o soberano pretendesse passar a noite com a rainha, era natural que o clero fosse em defesa do pudor, da reserva e dos bons costumes, atribuindo os hipotéticos fracassos da nação à vingança divina pelos pecados carnais do rei.

No entanto, apesar das medidas tomadas para evitar que os reis se encontrem a sós, um jesuíta português, uma cortesã, uma madre superiora de um convento e um conde galego ajudarão a levar a cabo um plano que ludibrie a Igreja.








domingo, 26 de janeiro de 2014


CARTAS DE AMOR DE FERNANDO PESSOA E OFÉLIA QUEIROZ

“5/4/1920

Meu Bebé pequeno e rabino:

[…]

Quando nos podemos nós encontrar a sós em qualquer parte, meu amor? Sinto a boca estranha, sabes, por não ter beijinhos há tanto tempo … meu Bebé para sentar no colo! Meu Bebé para dar dentadas! Meu Bebé para … (e depois o Bebé é mau e bate-me …) «Corpinho de tentação» te chamei eu; e assim continuas sendo, mas longe de mim.

Bebé, vem cá, vem para o pé do Nininho; vem para os braços do Nininho; põe a tua boquinha contra a boquinha do Nininho … Vem … Estou tão só, tão só de beijinhos …”

[…]

 

“5/4/1920

Meu Fernandinho lindo,

[…]

Hoje o meu nininho é que foi muito bonzinho para o seu amorzinho não lhe disse disparate nenhum (daqueles de costume) vinha muito amiguinho e eu também muito amiguinha dele.”

[…]

Excertos que ilustram - na perfeição! - as palavras do poeta: "Todas as cartas de amor são ridículas"!!!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

ÍNCLITA GERAÇÃO

     A vida de Isabel de Borgonha, filha de Filipa de Lencastre e do Mestre de Avis. O amor, a amizade, os laços familiares, a política ...

     Até para "escolher" o momento histórico em que se nasce é preciso sorte!

domingo, 5 de janeiro de 2014


A VELHA

No relógio da sala, duas e vinte da manhã. Luísa continuava a trabalhar afincadamente. As palavras fluiam da caneta para o papel como se tivessem vida própria. As personagens das histórias iam tomando conta dela, direcionando-a, ora num tom tranquilo, calmo, repousante, ora em momentos de alucinantes delírios, guiando-lhe os dedos com frenesim de tresloucamento. Era sempre mais fácil quando as personagens eram verídicas, fantasmas do seu passado. Com essas não se atrevia a devaneios. Respeitava-lhes os sentimentos e os comportamentos. O pior era quando com elas mesclava seres fruto da sua imaginação. E que imaginação, a de Luísa!

Noventa e dois anos. Velha. Aliás, a velha. Para os filhos, as noras, a empregada, até para o empregado da mercearia. A velha. Sabia, melhor do que eles que, durante mais ou menos tempo, tinham sido vítimas da sua rabujice ditatorial – diria, mesmo, das suas maldades -, que merecia aquele tipo de tratamento desprezível. Durante toda a vida, impusera a todos um regime de autoritarismo que não admitia resposta. Senhora de um património considerável, usara-o, sempre, como facilitador de uma vida plenamente satisfatória. Fora esposa adúltera, mãe castradora, sogra execrável, patroa exigente. Mas, para todos os seus defeitos encontrara fundamentos. Não se arrependia.

Agora, com noventa e dois anos e sem doenças graves, divertia-se continuando a enganar os que a consideravam uma velha gagá.  Durante o dia comportava-se, de facto, como se estivesse a perder as suas faculdades mentais: levantava-se tardíssimo, ignorando as horas estipuladas para as refeições, fingia esquecer o que não lhe interessava lembrar, dizia o que lhe apetecia. No entanto, continuava extraordinariamente lúcida. Assim que a empregada saía, por volta da hora de jantar, começava o seu dia. Com a casa só para si, cozinhava o que lhe apetecia, comia no quarto, frente à televisão, revia antigas fotografias, joias, documentos de um passado que continuava vívido na sua memória. E escrevia. Contava tudo aquilo de que se lembrava – e Luísa lembrava-se de tudo! – e, quando se cansava dos que tinham povoado a sua vida, inventava novas histórias, com novas personagens. Zelaria para que os inúmeros cadernos pretos que continham as suas histórias fossem facilmente encontrados depois da sua morte. Mas, até nesse momento enganaria os outros: ninguém destrinçaria as histórias verdadeiras das inventadas! …

domingo, 22 de dezembro de 2013


O ROMANCE DA VELHA GUARDA

Mais um extraordinário romance de Arturo Pérez-Reverte. Desta vez, a ação decorre em três espaços e momentos históricos distintos: 1928, num navio com destino a Buenos Aires; em 1937, na Riviera Francesa e em 1966, em Sorrento.

Um romance em três atos ao ritmo do tango, com duas carismáticas personagens de ficção: uma mulher linda, inteligente e independente, enigmática e melancólica e um dançarino extraordinário e elegante, um aventureiro, um escroque irresistível, um sedutor, um homem consciente de si mesmo, sempre com a resposta na ponta da língua para todos os momentos.

É uma complexa, arrebatadora e apaixonante história de amor e aventura, paixões, intrigas, sentimentos, traições, que acompanha quatro décadas do século XX.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

UM ESTRANHO EM GOA

"Para conceber Um estranho em Goa, o autor passou alguns meses na antiga possessão portuguesa na Índia.  Lá, captou todas as particularidades de uma cultura que mistura a herança portuguesa e a inglesa com a do povo hindu.  O local é apenas um dos cenários de colonização portuguesa no qual o romance é ambientado.  Agualusa ainda retrata no livro – em tempos diferentes - a Angola à beira da guerra pela independência durante o processo de descolonização e um Brasil selvagem e amazônico pouco conhecido até mesmo pelo leitor brasileiro.
Agualusa cria um narrador que é seu alter ego: José, assim como o primeiro nome do escritor, é um jornalista que procura descobrir o paradeiro do ex-militar e agente secreto angolano Plácido Domingo e cujo percurso se espalha por três continentes e localidades de culturas tão diferentes, mas unidos por um mesmo idioma.  Depois do doloroso processo de descolonização na Angola, o qual se seguiu uma sangrenta guerra civil, Domingo busca refúgio no Brasil, na selva amazônica, em meio a tribos indígenas.  Anos depois, José segue pistas que o levam a Goa, último paradeiro conhecido do militar. 
Enquanto busca reconstituir a história de Plácido Domingo, o jornalista também vai construindo sua própria narrativa, povoada de cheiros, cores e personagens únicos, como o motorista de táxi Salazar, ou Sal, que considera seu homônimo mais conhecido, um grande português.  Há Enoque, o livreiro, que se torna fonte de informação para o jornalista e escritor.  Também faz parte deste rol de tipos o proprietário do Grande Hotel Oriente Pedro Dionísio, que se torna seu amigo.  É por meio de Pedro Dionísio – e dos interesses amorosos de José, Lailah e Lili - que o jornalista tem contato com um mundo misterioso em Goa: o do sincretismo religioso, que mistura santos católicos com divindades hindus e mentes que abarcam todo o tipo de misticismo, abrindo espaço para um clandestino e perigoso mercado de comércio de relíquias.
Em Um estranho em Goa, Agualusa fez um excelente apanhado da vivência goesa, captando o complexo holograma dos sentimentos históricos e atuais da vida nessa província indiana."
 
                                                                              in http://www.gryphus.com.br/livro_estranho.html

segunda-feira, 18 de novembro de 2013


QUANDO A CHUVA PARAR
 

Duas amigas, duas horas ao telemóvel, uma  viagem de automóvel do Porto a Lisboa. Uma conversa alucinante, sem pausas. O presente e o passado ligados pelo sentido de humor. “A amizade é um luxo.”