... pelo simples e indelével prazer da leitura e da escrita!

quarta-feira, 26 de junho de 2013

                           “Arquiteto do Futuro”

 
                    Não faço greve a ideias mais brilhantes:

                    Alavancas do Sonho e Eternidade;

                    A opiniões assaz edificantes:

                    Ninhos do alpendre “Amor e Dignidade”. 
 

                    Não faço greve à vida dos infantes:

                    Quadro e giz da matéria “Honestidade”;

                    À luta que leciono como dantes:

                    Par de asas p’ra dar “20” à “Liberdade”.

 
                    Não faço greve apenas por fazer;

                    Cumpro os Outros ainda por nascer:

                    Degraus ao lado do mais alto muro.
 

                     Não faço greve por imitação;

                     Não dou aulas, mas “dou uma lição”:

                     Dever de um “Arquiteto do Futuro”!

 
                         

                     26/6/2013                                            Paulo Ilharco

 

 

terça-feira, 25 de junho de 2013

MEMÓRIAS DE UMA GUEIXA
 
 

Um dos mais belos filmes que vi!
Não iguala, certamente, o livro, mas é um excelente complemento. Sendo que, habitualmente, os filmes nascidos de livros deixam uma sensação de 'falta', neste conseguiu-se, do meu ponto de vista, passar os sentimentos mais importantes.
Simplesmente delicioso!

segunda-feira, 10 de junho de 2013


O CHAPÉU DE CHUVA

            A chuva caía miúda, constante, fria. Parada no tempo. Cinzento. Indiferente. Nada era bom, bonito, alegre. Noutro lugar do mundo o sol brilharia, as cores refulgiriam e os sorrisos voariam, soltos pelo ar. Mas aqui a tristeza, o vazio. Carregava em mim todos os pesos do mundo.
            O chapéu de chuva seguia-me. Presente, protetor. O caminho fazia-se lentamente. Nas minhas costas dezenas de pares de olhos concentrados em mim. Dezenas de pensamentos na minha direção. Adivinhava-lhes as reflexões. As de cada um. Deve ser assim que se sentem as estrelas de cinema. Mas em bom. Sabia que em breve todos esses pares de olhos esqueceriam a comiseração do momento.
O desenho da calçada portuguesa no chão apresentava-se sujo e molhado. E o chapéu de chuva por cima da minha cabeça. Protegendo-me dos olhares cravados em mim. O caminho fazia-se em silêncio. O silêncio asfixia todos os barulhos. O silêncio de dezenas de passos. Atrás de mim, seguindo-me como se eu pudesse conduzi-los a um destino específico. Pendentes do meu ritmo, do meu rumo, das minhas emoções por soltar. E o chapéu de chuva protegendo-me, criando um muro para lá do qual as emoções esperavam a solidão.
            Concentrada no ruído das rodas sobre o empedrado, mordi as lágrimas que o chapéu de chuva teria, no entanto, escondido. As lágrimas que não choradas ninguém me perdoaria. Segui-o consciente de cada movimento, de cada som…
            Sabia que a vida me estava a virar do avesso, mas ainda não tinha descoberto que o avesso é o meu lado. Os pensamentos estavam demasiado desarrumados. Nos olhos vivia-me a vida passada. A minha vida suspensa, à espera de ser reescrita. Eu a crescer com o golpe duro da vida e com o teu toque suave na minha alma.

            Décadas de minutos mais tarde, um cemitério de dores ficava para trás. E o teu chapéu de chuva protegendo-me, enquanto te via desaparecer no espelho retrovisor…

domingo, 9 de junho de 2013


AS TRÊS MULHERES DE SANSÃO

    
        O livro é constituído por duas novelas, a primeira das quais lhe dá o título. Essa conta-nos a biografia amorosa de Sansão, retratando três figuras de mulher. A segunda novela apresenta-nos uma história de província, cujas personagens e cenários nos transportam para um Portugal distante no tempo, mas facilmente reconhecível nas palavras do autor.

Aquilino Ribeiro nasceu em Sernancelhe, Carregal, em 13 de setembro de 1885 e morreu em Lisboa, em 27 de maio de 1963. Foi um dos mais fecundos romancistas de primeira metade do séc. XX, tendo publicado com regularidade e êxito junto do público e da crítica. Maçónico, anarquista e apoiante dos regicidas, dividiu a sua vida entre Lisboa, Paris e Alemanha. Optou por uma literatura de tradição, usando uma linguagem vernácula, cheia de provincianismos. No entanto, por ter procurado, sistematicamente, uma renovação contínua de temas e processos, não pode ser enquadrado em nenhuma das escolas e tendências da sua época.