ENTRE OLHARES
Cruzaram um olhar improvável. A
inesperada tepidez da noite de novembro apanhara-os ainda embriagados da
melodiosa voz africana de há pouco. Ele, sozinho, um copo de martini. Ela, com
os amigos, um chocolate quente. Ela, risos. Ele, sorriso do riso dela. Novo
olhar, mais atento. Ela, festa vestida de estrelas. Ele, solidão. Olhar
cúmplice, sorriso retribuído. Ele, puxando-a para o seu mundo. Ela, já perdida
da conversa. Ele, levantando-se para acompanhar o perfume que chegara. Ela,
acompanhando a festa que terminaria noutro lugar. O olhar cruzado da despedida.
A certeza de que, mesmo irrepetível, a cumplicidade lhes impregnaria as almas a
tempo indeterminado. E toda a vida coube naquele olhar.
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