HISTÓRIA DO CERCO DE LISBOA
Raimundo
Silva, um revisor de livros, na casa dos cinquenta anos, com uma vida bastante
vazia, marcada pelo rigor, pelo cinzentismo, por hábitos rígidos, introduz,
voluntariamente, uma palavra nova nas provas de um tratado de História
intitulado “História do Cerco de Lisboa”. Assim, os cruzados não teriam ajudado os portugueses a
conquistar Lisboa. Paralelamente, o revisor, que já nada mais esperava da vida,
envolve-se, sentimentalmente, com a editora Maria Sara que o incentiva a
reescrever a História. Num extraordinário jogo de palavras, Saramago constrói
alguns momentos de uma sedução inteligente, mesclando os desejos da alma e do
corpo.
“
[…] Posso dizer-lhe que a amo, Não, diga só que gosta de mim, Já o disse, Então
guarde o resto para o dia em que for verdade, se esse dia chegar, Chegará, Não
juremos sobre o futuro, esperemo-lo para ver se ele nos reconhece […] ”
“ […] Ninguém
deveria poder dar menos do que deu alguma vez, não se dão rosas hoje para dar
um deserto amanhã, Não haverá deserto, É só uma promessa, não o sabemos […] “
JOSÉ
SARAMAGO nasceu a 16 de novembro de 1922, na Azinhaga, Golegã, e morreu em 18
de junho de 2010, nas Canárias. Recebeu o prémio Camões, em 1995, e o prémio
Nobel da Literatura, em 1998. Foi escritor, argumentista, teatrólogo, ensaísta,
jornalista, dramaturgo, contista, romancista e poeta.
Escreveu uma
obra vastíssima.
Uma obra que dispensa comentários. Para mim um dos maiores prosistas de sempre.
ResponderEliminarOlá, Ana!
ResponderEliminarJosé Saramago é o meu escritor favorito. De modo que falar sobre ele é sempre um prazer, apesar dos muitos maus tratos que deu à gramática ao dispensar muitos dos sinais que tanto jeito dariam para navegar através daquele emaranhado de palavras...
E também sobre ele já fiz um post, pouco depois dele ter embarcado naquela excursão pelos lugares da memória, como que em jeito de despedida antecipada...em que ele já falava de si como "coisa" do passado, com visível mágoa do que pouco já teria de futuro.E a premonição estava certa...
Este livro, já o li - tendo começado pela Jangada de Pedra; tarefa nada fácil, em que por vezes me senti um tanto à deriva...por falta das ditas balizas.
Boa escolha; boa semana.
Vitor