TRAIR OU NÃO TRAIR
ELE – Só devemos manter-nos fiéis a
nós mesmos. Além disso, a lealdade reside numa identidade de almas raramente
encontrada.
ELA – Não te parece que a
deslealdade nasce, também, dos muros que criamos à nossa volta, fruto da
insatisfação humana?
ELE – Da insatisfação em relação a
desejos e expectativas, de pequenas vinganças, do estímulo provocado pela
sensação de perigo ... De tantos momentos e sentimentos!
ELA – Exceto do amor …
ELE – Exceto do amor, claro,
reconheço. Mas crês que quando alguém trai o/a parceiro/a não vive um conflito
interno , não acaba por sentir culpa?
ELA – A traição só acontece quando
a relação já não está harmoniosa.
ELE – Errado. Todas as pessoas são
potenciais traidores, independentemente do estado da relação que mantêm.
ELA – Mas isso significaria uma
verdadeira batalha quotidiana para segurar o parceiro! Todos estamos,
diariamente, expostos a tentativas de sedução no nosso local de trabalho, na
rua, na Internet …
ELE – Por isso mesmo, o conceito de
posse tornou-se absurdo. Ninguém consegue controlar ninguém. Tal como a ideia
de casamento. Se este não tiver como fim um contrato comercial e social já não
faz sentido.
ELA – E dentro ou fora de todos esses conceitos que
rejeitas – casamento, lealdade, honestidade … - onde é que aparece o amor?
ELE – Deverias perguntar quando e
não onde. Conheces as palavras de Vinicius de Moraes?
“Eu possa me dizer do amor (que
tive)
Que não seja imortal, posto que
é chama
Mas que seja infinito enquanto
dure”
ELA – Basicamente, parece-me
que tudo se resume a uma questão de caráter. E esse, tem-se ou não.
ELE – Basicamente, parece-me
que tudo se resume ao amor: ou se ama e não se trai – por uns tempos – ou não
se ama e se dá largas à infidelidade dos genes dos sentimentos!
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