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quarta-feira, 25 de julho de 2012


TRAIR OU NÃO TRAIR


ELE – Só devemos manter-nos fiéis a nós mesmos. Além disso, a lealdade reside numa identidade de almas raramente encontrada.

ELA – Não te parece que a deslealdade nasce, também, dos muros que criamos à nossa volta, fruto da insatisfação humana?

ELE – Da insatisfação em relação a desejos e expectativas, de pequenas vinganças, do estímulo provocado pela sensação de perigo ... De tantos momentos e sentimentos!

ELA – Exceto  do amor …

ELE – Exceto do amor, claro, reconheço. Mas crês que quando alguém trai o/a parceiro/a não vive um conflito interno , não acaba por sentir culpa?

ELA – A traição só acontece quando a relação já não está harmoniosa.

ELE – Errado. Todas as pessoas são potenciais traidores, independentemente do estado da relação que mantêm.

ELA – Mas isso significaria uma verdadeira batalha quotidiana para segurar o parceiro! Todos estamos, diariamente, expostos a tentativas de sedução no nosso local de trabalho, na rua, na Internet …

ELE – Por isso mesmo, o conceito de posse tornou-se absurdo. Ninguém consegue controlar ninguém. Tal como a ideia de casamento. Se este não tiver como fim um contrato comercial e social já não faz sentido.

ELA – E  dentro ou fora de todos esses conceitos que rejeitas – casamento, lealdade, honestidade … - onde é que aparece o amor?

ELE – Deverias perguntar quando e não onde. Conheces as palavras de Vinicius de Moraes?

             “Eu possa me dizer do amor (que tive)

                Que não seja imortal, posto que é chama

                 Mas que seja infinito enquanto dure”

ELA – Basicamente, parece-me que tudo se resume a uma questão de caráter. E esse, tem-se ou não.

ELE – Basicamente, parece-me que tudo se resume ao amor: ou se ama e não se trai – por uns tempos – ou não se ama e se dá largas à infidelidade dos genes dos sentimentos!

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