CIVISMO: UM LEGADO A APERFEIÇOAR
Não
tenho por hábito escrever textos de opinião, mas há situações que me incomodam
de sobremaneira.
Ontem,
depois de ter assistido a um espetáculo de música, dirigi-me, com alguns
amigos, à esplanada de um café do meu bairro. Espaço interior amplo, uma
esplanada meio-fechada, outra completamente aberta. Quase todas as mesas
ocupadas, num fim de tarde fresco.
O
empregado chegou minutos depois de nos termos acomodado. Um cheiro a suor que
fazia adivinhar muito mais do que apenas uma tarde de trabalho numa camisa que
de branco-sujo já só tinha a segunda parte. Apertou a mão a um dos meus amigos –
como se já tivesse trocado com ele mais do que duas ou três conversas de
circunstância! – e trouxe rapidamente as bebidas, é certo. Um copo para mim,
que tinha pedido água, mas nenhum para as minhas amigas que pediram cerveja.
Estaria, certamente, o senhor à espera de se deliciar a ver três senhoras,
entre os quarenta e os cinquenta anos, a beberem cerveja por uma garrafa! Penso
até que esperaria ver as ditas senhoras, enquanto bebiam pela garrafa,
descansarem os pés em cima da mesa e arrotarem a seguir a cada gole!
Resolvida
a questão da falta de copos, comecei a reparar em pormenor insólito. No topo da
esplanada, mesmo em frente a mim, três homens, na casa dos quarenta anos, e,
empilhadas geometricamente em cima da mesa, uma dúzia de “loiras”. De cada vez
que o empregado passava por ali, virava-se de costas para o interior do café e
de frente para nós e emborcava um valente gole de cerveja de uma das várias
garrafas. Prefiro presumir que conseguia discernir qual era a “sua” e que
utilizava sempre a mesma! Esta situação repetiu-se, sistematicamente, durante a
cerca de hora e meia que por ali permanecemos.
Snob?
Consevadora? “Comichosa”? Talvez. Mas, acredito que, para qualquer pessoa,
teria sido mais agradável ao olfato que o dito senhor tivesse cuidado da sua higiene
corporal, antes de se aproximar dos clientes. E teria sido, certamente, mais
agradável à vista que se tivesse abstido de emborcar cerveja da mesa de
clientes, enquanto trabalhava. É de lamentar que, por circunstâncias várias, a
disciplina de Formação Cívica não seja lecionada de acordo com o objetivo que,
acredito, tenha norteado a sua conceção: educar as crianças para que se tornem
cidadãos que respeitem o civismo que nos permite vivermos em sociedade,
evoluirmos no respeito que devemos uns aos outros! Os quase cinquenta anos de
atraso que a nossa História nos legou já não justificam a falta de civismo que
grassa, ainda, entre muitos portugueses!
Olá, Ana!
ResponderEliminarÉ bem verdade; o viver em sociedade implica ter presente algumas regras mínimas para não incomodar o outro, não causar desagrado.
Certamente que esse empregado estaria habituado a servir clientela mais nova, que acha bem o beber directamente pela garrafa, hábito que não era nosso, resultado de aculturação...influência de gente com "outros hábitos"...
Bom texto; até ao próximo.
Vitor
Ana, boa noite!
ResponderEliminarÉ um episódio impensável, mas infelizmente cada vez há mais falta de civismo, neste caso o senhor também padece de outro mal, a falta de higiene... Enfim!!!
Beijinho,
Ana Martins
Mas o Ministro não vai acabar com a disciplina? Acho que ouvi dizer isso. O que me parece uma péssima ideia.
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